Matéria do site da UOL - Paciente com Aids sofre mais por questões psicológicas do que com ação do HIV Do UOL Ciência e Saúde

terça-feira, 1 de dezembro de 2009
01/12/2009 - 10h30

Um estudo realizado com pessoas em tratamento contra Aids no Brasil mostra que os soropositivos sofrem mais com problemas relacionados a interação social do que com a ação do vírus no organismo. Os números fazem parte da pesquisa “Percepção da qualidade de vida e do desempenho do sistema de saúde entre pacientes em terapia antirretroviral no Brasil”, divulgada nesta terça-feira (1º), Dia Mundial de Luta Contra Aids.


http://www.todoscontraopreconceito.com.br
Mosaico produzido pelo fotógrafo e artista plástico de renome internacional Vik Muniz; três obras sobre o tema deste Dia Mundial de Luta Contra Aids foram doadas ao Masp
VEJA EVENTOS PROGRAMADOS PARA O DIA MUNDIAL DE LUTA CONTRA AIDS
MORTALIDADE POR HIV TEM ALTA EM SP PELA PRIMEIRA VEZ DESDE 1995
SAIBA COMO O HIV É TRANSMITIDO
AIDS CRESCE ENTRE MENINAS, COMENTA JAIRO BOUER; ASSISTA
INCIDÊNCIA DA AIDS NO MUNDO
UOL CIÊNCIA E SAÚDE

A pesquisa, realizada pela Fundação Oswaldo Cruz em 2008 com 1.260 pessoas, indica que 65% dos pacientes avaliam seu estado de saúde como bom ou ótimo, número que supera o da população geral, que é de 55%. Em relação a portadores de outras doenças crônicas, o contraste é ainda maior, já que só 27% delas classificam sua saúde como boa ou ótima.



No entanto, quem está em tratamento com o coquetel anti-Aids sofre mais com problemas psicológicos. Entre as soropositivas, 33% afirmam ter grau intenso ou muito intenso de tristeza ou depressão e, 47%, grau intenso ou muito intenso de preocupação e/ou ansiedade. Entre os homens, o índice é um pouco menor: 23% e 34%, respectivamente. Na população geral, apenas 15% da população relata um grau intenso ou muito intenso de tristeza ou depressão. E a ansiedade é queixa de 23% das pessoas.
Preconceito

A análise das entrevistas também mostra que os pacientes de Aids tem um nível de educação superior ao da média da população brasileira. Apesar disso, a distribuição de renda é semelhante. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad-2006), cerca de 67% da população brasileira, com 18 anos ou mais, tem rendimento mensal menor que dois salários mínimos, proporção semelhante à encontrada entre os pacientes de Aids (69%).
http://www.todoscontraopreconceito.com.br
Escultura criada pelo artista Sudarshan Pattnaik em praia de Puri, na Índia
VEJA AÇÕES EM TODO O MUNDO
QUIZ: TESTE SEUS CONHECIMENTOS SOBRE PREVENÇÃO DO HIV
JAIRO BOUER RESPONDE: SEXO ORAL TRANSMITE AIDS?

O estudo revela que ainda existe muito preconceito e discriminação em relação ao HIV, já que mais de 20% dos entrevistados relataram ter perdido o emprego após o diagnóstico. Na ocasião da pesquisa, 58% dos soropositivos não estavam trabalhando (55% entre os homens e 62% entre as mulheres).



Entre os pacientes homens, aposentadoria por doença (31,3%), incapacidade (14,7%), e recebimento de auxílio doença (24,6%) foram os principais motivos alegados para não estarem trabalhando. Entre as mulheres, 28% são donas de casa, 15,4% são aposentadas pela doença, 11% relataram incapacidade para o trabalho, e 15,4% recebem auxílio doença.
Influências

Os pesquisadores que conduziram o estudo desenvolveram um modelo estatístico para verificar os principais fatores associados à autoavaliação do estado de saúde como excelente ou boa. Fatores sociais como escolaridade e renda impactam positivamente. Por outro lado, estar aposentado por motivo de doença, incapacitado para o trabalho ou recebendo auxílio doença diminui em 55% a chance de ter boa autoavaliação do estado de saúde.


PERDAS APÓS O DIAGNÓSTICO
Piora nas condições financeiras 36,5%
Piora na aparência física 33,7%
Discriminação social 20,9%
Perda do emprego 20,6%
Falta de suporte familiar 16,2%
Discriminação pelos amigos 15,9%
Perda da independência 15,2%

A presença de sintomas da doença também reduz em 40% a chance de autoavaliação positiva. Ter iniciado o tratamento a partir de 2007 também é um fator negativo, provavelmente porque esses pacientes ainda não recuperaram seu sistema imunológico devido ao pouco tempo de tratamento e ainda estejam sofrendo com os efeitos colaterais do início do tratamento e do diagnóstico recente.


Perdas e ganhos

A pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz também avaliou os ganhos e perdas dos soropositivos após o diagnóstico. Entre os entrevistados, 43,5% informaram que depois da descoberta da doença passaram a ter melhor assistência à saúde e 18,6% afirmaram ter mais suporte social. Entre as perdas, a mencionada pelo maior número de pessoas foi a piora das condições financeiras (36,5%), seguida da aparência física (33,7%).

Os resultados da pesquisa são representativos de toda a população em tratamento antirretroviral, atualmente estimado em cerca de 200 mil pessoas.
Campanha


GANHOS APÓS O DIAGNÓSTICO
Maior suporte social 18,6%
Melhor assistência de saúde 43,5%
Envolvimento com organizações civis e sociais 10,4%
Sentimento de ser especial 17,6%
Nenhum 38,0%

A divulgação do estudo coincide com o lançamento, pelo Ministério da Saúde, da campanha “Viver com Aids é possível. Com o preconceito não”. No site elaborado para a ocasião, é possível deixar mensagens, fotos e vídeos sobre o tema.

A campanha também contou com a participação do artista plástico paulista Vik Muniz, radicado em Nova York, que produziu três obras de arte inspiradas no combate ao preconceito aos soropositivos. Os quadros foram doados ao Museu de Arte de São Paulo (Masp).

A máfia do jaleco branco

sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Hoje no Brasil existem cerca de 300 mil médicos e cerca de 3 milhões de profissionais da área de saúde (como enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, fonoaudiólogos, psicólogos, biomédicos, farmacêuticos, educadores físicos, naturológos, acupunturistas e assistentes sociais, sem contar os técnicos de enfermagem, radiologistas e técnicos de laboratório)

Na Câmara Federal esta tramitando um Projeto de Lei denominado como “ ATO MÉDICO “ ,e se for aprovado, ele estará prejudicando milhões de profissionais que se dedicam pela qualidade de vida das pessoas?

Como pode o médico ter o poder absoluto de decisão de diagnóstico e tratamento sobre aspectos especializados da saúde que nem ao menos ele estudou na faculdade?

Os profissionais não-médicos da área de saúde fazem seus cursos, faculdades, especializações, mestrados e doutorados a fim de se tornarem independentes para um bom diagnóstico e tratamento em sua área. E agora vêm os médicos querendo tomar o lugar destes profissionais que tanto se dedicaram. Só para provarem seu poder absoluto sobre a saúde, só para ganharem mais e mais dinheiro sobre a população mais carente.

Imagine você que agora, se você quer fazer um tratamento fisioterápico para melhorar sua postura, você precisará de um médico para te liberar, ou se você quer fazer uma reeducação alimentar você precisará antes pagar uma consulta para um médico para ele dizer que você precisa de nutricionista, ou você quer melhorar sua fala e quer um trabalho com fonoaudiólogo, antes vai precisar pagar um médico pra ele te mandar para o tratamento. Está ansioso, com problemas emocionais? “Vai no médico, paga a consulta pra ele te dar um remedinho e caso não melhore, volta para uma re-consulta que ele depois te manda para um psicólogo. E assim vai...”

Você só vai poder comprar um remédio natural com a receita de um médico, seu suplemento alimentar só com receita do médico, um fitoterápico só com a receita de um médico, só vai poder fazer seu tratamento estético com um pedido médico...” Daqui a pouco só poderemos comprar shampoo, perfume e álcool com receita do médico!”

“E as medicinas alternativas baseadas na milenar medicina tradicional Chinesa? Como a acupuntura, fitoterapia, tui-ná, shiatsu, etc... Um médico sabe alguma coisa sobre isso? Eles têm no máximo um semestre sobre terapias complementares na faculdade, e ainda como disciplina opcional. Agora que eles estão vendo que essas terapias funcionam, resolveram tomar posse delas, só porque está na área da saúde.”

O ato médico é um ato de tirania!



A interdisciplinaridade é o futuro da saúde, não pode haver uma monarquia onde o médico dita as regras. Cada profissão tem sua própria regra, não dá mais pra Medicina interferir.

Uma questão que tem gerado muita polêmica, é que somente o médico poderá fazer punção. Eles não colocaram isso a toa, querem a prática de acupuntura para eles. Mas pense como esse termo vai gerar ainda mais polêmica:

“Somente o médico poderá aplicar injeções, tirar sangue, aplicar vacinas, fazer acupuntura, e até mesmo tatuagens, que não deixa de ser um tipo de punção. Agora você acha que vai ter médico o suficiente aplicando vacina nas campanhas de vacinação? Vai ter médico em todos os laboratórios coletando sangue para exame? Vai ter médico tatuador? Acho que não...”

Por isso, peço a vocês nesta carta de indignação, que façam a sua parte para que esse projeto não entre em prática como está! A população só será prejudicada se esse projeto for aprovado, o governo vai precisar gastar ainda mais com saúde, a população que já não pode pagar pela saúde, vai ter ainda mais dificuldade para ter acesso a ela, já que só poderão procurar os médicos e não mais os outros profissionais.

Peço por favor que mandem este emails para os políticos que vocês conhecerem para que o governo perceba a ”besteira” que vai fazer se aprovar este projeto. Até para os próprios médicos, pois tenho a certeza que nem eles sabem da extensão deste problema. E mande para todos da sua lista de e-mail!!!!!

Para saber mais e votar acesse: http://www.atomediconao.com.br/

E para ver a matéria acesse: http://www.abril.com.br/noticias/ciencia-saude/ato-medico-aprovado-camara-573748.shtml

OBRIGADO!!!

Abraço para todos!

UMUARAMA: JORNADA DE PSICOLOGIA COMEMORA 20 ANOS DO CURSO

terça-feira, 27 de outubro de 2009
Matéria do site da UNIPAR

UMUARAMA: JORNADA DE PSICOLOGIA COMEMORA 20 ANOS DO CURSO

Estudantes, professores e profissionais da área puderam assistir a palestras, workshops, mesa redonda, cursos e conferência. Programação especial contou com a participação de renomes do Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo

O curso de Psicologia da Universidade Paranaense – UNIPAR, Campus-Sede, completa duas décadas. Uma história marcada pelo comprometimento da Instituição em formar profissionais capacitados e atualizados. Como cenário para as comemorações foi realizada a 13ª JOP (Jornada de Psicologia), com palestras, mesa redonda e workshops (de 22 a 26/9). Cerca de 180 estudantes, professores e profissionais da área prestigiaram.

Palco para o evento foi o Teatro Neiva Pavan Machado Garcia, que recebeu conceituados psicólogos, psicanalistas, como o Dr. Pedrinho Guareschi, da UFRG (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), que falou sobre a ‘Psicologia e o resgate do humano’. Outra palestra de destaque foi ‘Da biopolítica à bioeconomia: a Psicologia Social e as transformações contemporâneas nas estratégias de governamentalidade na área da saúde’, ministrada pela professora Dr.ª Mary Jane Spink, da PUC/SP.

O filme ‘Linha de passe’ foi debatido em mesa redonda, mediada pelo professor Dr. Jorge Antonio Viera. Emitindo opiniões, participaram da mesa os professores Dr. Gilberto Alves, MSc. Kathiuscia Aparecida Freitas e Danielle Jardim Barreto, coordenadora do curso há sete anos.

Durante a semana, os participantes puderam assistir aos cursos ‘Psicologia e estudos de gêneros: dispositivos psicossociais, políticos e culturais’, ministrado pelo professor Dr. Wiliam Siqueira Peres, da UNESP/Assis SP, e ‘Psicologia Forense’, pela professora MSc. Bárbara Cossetim Berber, da UNIPAR/Umuarama.

Dois workshops fizeram parte da programação:‘Bricolage: Um estudo sobre o processo de legitimidade artística na produção teatral, através de laboratórios artísticos desenvolvidos com usuários do CAPS’, ministrado pelo coordenador multicampi de Arte e Cultura da UNIPAR, Alessandro Antonio Silva e ‘Terapia corporal: mitos X fundamentos científicos – teoria e vivências práticas’, com a psicóloga Rita de Cássia Barbedo Tessari.

“Ao longo de seus 20 anos, o curso de Psicologia da UNIPAR tornou possível a aproximação do fazer acadêmico, com as realidades local e regional, através de propostas que objetivam estimular a inserção do aluno em atividades sociais voluntárias, em projetos de extensão à comunidade e em estágios básicos e específicos”, ressalta a coordenadora, destacando que o objetivo do evento foi agregar valor à formação do psicólogo através da interlocução com profissionais de renome nacional.

A conferência‘O homem desbussolado e a Psicanálise do Século XXI, comJorge Forbes, marcou o encerramento da 13ª JOP. O evento foi organizado pelos professores Jorge Antonio Vieira, Edlainy Oliveira Cavalcanti, Maria Adelaide Pessini e Orlete Maria Pompeu de Lima.

Conselho Federal de Psicologia confirma maus tratos

quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Em visita às unidades de cumprimento de medidas socioeducativas nos 22 estados há três anos, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) descobriu algumas irregularidades. Essas visitas deram origem a um estudo que revelou que em algumas entidades há superlotação, falta de higiene, os menores são submetidos a tratamentos com psicotrópicos e chegam a sofrer espancamentos.

De acordo com o CFP dos 22 estados visitados o Paraná, Minas Gerais, Piauí e Rio Grande do Sul podem estar envolvidos no uso de medicamentos para controlar adolescentes dentro das unidades. O Conselho elaborou uma série de recomendações aos governos estaduais e federal e pede para que o Ministério Público aja com mais eficácia no combate a essas violações.

Umuarama
“No Centro de Socioeducação (Cense), unidade de Umuarama a realidade é bem diferente”, explica o diretor Lázaro de Almeida Rosa, 54. De acordo com Rosa, um ou outro menino usa medicamentos, porém com recomendação médica ou porque já vieram de suas casas fazendo uso da medicação.

Os 28 meninos internados na unidade local recebem ensino fundamental ou médio dentro do centro. Eles realizam diariamente atividades culturais, esportivas e alguns até recebem o beneficio de trabalhar como menor aprendiz durante o dia, em empresas conveniadas.

Segundo Rosa, o centro recebe menores infratores dos 12 aos 21 anos, e o tempo máximo que eles podem ficar internados é três anos. O objetivo do Cense é recuperar o adolescente, desenvolvendo um trabalho junto às famílias para que quando os menores retornarem para casa possam se reintegrar à sociedade e não cometam mais delitos.


Fonte: A Tribuna do Povo

Notícia da Coordenação! ENADE!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Segue mensagem da Coordenação do Curso de Psicologia!

Boa tarde! O ENADE será para todos os alunos matriculados na 1ª e na 5ª série. Por favor confiram os dados do edital que esta colado na sala e verifiquem se não há erros, caso haja, quando receberem a ficha de avaliação do ENADE por favor façam as correções pertinentes. Lembrando que quem não comparecer no dia da prova ( 08/11 às 12h30)não poderá colar grau até ficar regular junto ao MEC. Conto com a sempre responsabilidade de todos nesse processo, para que assim possamos trabalhar cada dia mais para formarmos profissionais atualizados, éticos e responsáveis.
Abraços Danielle

Quem saberia perder?

sábado, 12 de setembro de 2009
Por Sergio Rossoni do site: http://www.apsicanalise.com

Gostaria de falar um pouco sobre algo que nos acompanha ao longo de toda nossa vida. Trata-se da fantasia e conseqüentemente da frustração!

Antes, porém, gostaria de esclarecer que a fantasia à que me refiro é a fantasia inconsciente presente em cada um de nós. Roteiro imaginário em que o sujeito está presente e que representa, de modo mais ou menos deformado pelos processos defensivos, a realização de um desejo e, em última análise, de um desejo inconsciente. (Dicionário de Psicanálise – Laplanche e Pontalis).

Fantasia é o MEU desejo de que tudo na vida aconteça da forma como EU quero!

Pronto. Já podemos ter uma boa noção do que chamamos de fantasia.

Até aqui você pode estar concluindo que fantasia é algo ruim, e devemos então exterminá-la de nossa existência e pronto, tudo resolvido! Negativo!

A fantasia pode ser entendida como uma espécie de defesa, cujo objetivo é dar conta de uma ruptura ética em nosso desenvolvimento, ou seja, uma defesa contra nossas ansiedades. Ansiedades estas que têm início ao nascer.

Imaginem um bebê, quentinho e protegido no útero da mãe, recebendo alimento, contando com a presença desta que lhe carrega em seu ventre todo o tempo, desenvolvendo-se dentro do que imaginamos ser uma sensação de plenitude, etc. De repente, escorrega por entre as pernas da mãe em direção ao mundo externo, arrancado do seu mundo quentinho e protegido, passando a sentir estranhas sensações corpóreas e desconhecidas como frio, fome, sede, despertando incertezas e medos que serão confirmados ou não, pela forma como o seu meio ambiente se apresentar.

Bem vindo à vida real! De qualquer forma, algo é sentido como perdido. Aquela sensação perfeita, longe das intempéries da vida real foi perdida. Aquela plenitude uterina....Nunca mais!

O mundo real se apresenta cheio de obstáculos, conflitos, frustrações, gerando medos e angustias, totalmente contrário do mundo outrora vivido sem nada disso, agora desejado e fantasiado. É preciso fazer alguma coisa com estas sensações de medo e insegurança trazidas pela realidade.

Um dos dois princípios que regem o funcionamento mental, segundo Freud, é o principio do prazer. Contrário do principio de realidade que aponta para a vida real, a atividade psíquica tem por objetivo evitar o desprazer e proporcionar o prazer.

Através de algo chamado recalque, tais ansiedades permanecerão escondidas no inconsciente, longe de nossa percepção consciente. Mecanismos de defesas como onipotência, cisão, idealização, negação, são criados pelo aparelho psíquico para garantir que tais desprazeres mantenham-se afastados.

São estes mecanismos que nos garantem a ilusão de poder controlar o processo da vida, mantendo as frustrações afastadas, ou simplesmente negando-as, ou ainda idealizando grandes objetos que nos garantam a segurança. Processos estes cuja utilidade é tornar a realidade suportável. Assim, vivemos protegidos por armaduras rígidas, que nos protegem no combate diário contra o senhor desprazer. Logo, passamos a viver uma realidade, recheada por fantasias que amenizam a dureza da vida.
Começamos a entender que o conceito de realidade é singular para cada ser vivo. Único.
Eu percebo a minha realidade através das minhas fantasias.
Viver somente na realidade seria algo impossível. As fantasias tornam o viver mais ameno, satisfatório.
Fantasiar é sonhar.
E sonhar, é necessário.
Sonhar é o analgésico da vida.
O desejo de realizar um sonho faz o ser evoluir em vários aspectos.
O ser humano não se mantém na realidade sem o apoio dos sonhos e esperanças, ou melhor, dos desejos.
Até aí tudo certo. Muitos sonhos e desejos devem ser realizados, afinal, são eles que nos impulsionam na direção da criatividade, proporcionando evolução, desenvolvimento, crescimento, etc.
No entanto, existe dentro de cada um, inconscientemente, o desejo de realização de um sonho maior.
Alcançar a plenitude! Aquela, outrora perdida.
O retorno ao estado pleno onde não exista a dor, a frustração, a fome, etc. Um estado somente de realizações e segurança.
A mesma segurança sentida um dia no útero materno. Um mundo pronto para atender a todas as demandas do ser.
Assim, eu passo a desejar que o mundo real atenda a estas demandas: um mundo pronto para me servir, me reconhecer, me agradar, me acolher, onde tudo TEM QUE SER DO JEITO QUE EU QUERO!
Este desejo torna-se o grande sonho.
Não um sonho qualquer, mas o sonho.
A realização de todos os meus problemas.
Sem ele, eu estarei no limbo da vida cruel e ordinária. Com ele, estarei na plenitude.
Na busca por este ideal inconsciente, ocorrerá um deslocamento para objetos e situações diversas, onde a plenitude ou esta sensação maior será agora sentida através da realização ou conquista de algo, que me faça sentir mesmo que temporariamente, vivendo em um mundo pleno.
É como se estes objetos agora denominados de objetos bons, garantissem certa segurança inconsciente diante das intempéries da vida.
Assim, por exemplo, um carro importado, um cargo alto na empresa, qualificações, MBA, etc, etc, etc, podem representar a plenitude, tornando-se um objeto bom, necessário para que certas pessoas sintam-se plenas, reforçando a fantasia de segurança e poder diante dos medos internos.
Até mesmo a escolha de uma profissão, pode vir junto com a promessa de uma vida plena.
Para piorar, pode vir mediante a fantasia do outro, projetada em cada um de nós.
Um médico certa vez virou-se para mim e disse: “Cheguei à conclusão de que me tornei médico, porque este era o desejo do meu pai”. Além de criarmos nossas fantasias, ainda somos bombardeados pela fantasia do outro, ou seja, neste caso, o desejo do pai, que muitas vezes vive a sua fantasia realizada através de um filho.
No que tange aos relacionamentos amorosos, verificamos verdadeiros desastres regidos pela não compatibilidade entre as fantasias de cada um, uma vez que o parceiro(a), é aquele que deverá assumir a responsabilidade de levar o outro ao estado pleno, correspondendo ao desejo inconsciente.
É bastante comum escutarmos comentários como: “Quando nos casamos, ele era outra pessoa. Agora, tudo acabou”.
Muitas vezes, nos casamos com nossas fantasias, sem perceber de fato o ser real por detrás daquele véu ilusório que criamos. É o chamado “sonho de princesa ou príncipe”, casar-se com um ser que nos ame, nos mantenha longe dos perigos reais e imaginários, nos assegure felicidade e riquezas, filhos, etc, etc, etc. No entanto, quando a fantasia vai dando lugar para a realidade, e o príncipe deixa sua capa e cavalo branco de lado, tornando-se um ser humano real, o conto de fadas tende a acabar. O parceiro até então escolhido não é mais sentido como aquele que seria capaz de resolver o problema interno do outro. Daí, pessoas partem para uma nova tentativa de realizar este desejo, este sonho. Surge um novo parceiro, e com ele, a promessa de que desta vez, vai dar TUDO CERTO DA FORMA COMO EU QUERO!
Citando outro exemplo, quem nunca vibrou aguardando uma festa tão desejada, e depois de sua realização sentiu uma pontada de decepção? Claro, na imaginação, a festa sempre é perfeita, com a paquera perfeita, com todos os amigos desejados, etc. Na fantasia, a festa já aconteceu plena, perfeita. Na realidade, basta aquele amigo faltar na festa para causar uma ponta de decepção, dizendo: Achei que seria mais legal! Não foi como havia imaginado!
Viver somente na fantasia é frustrante, pois nos impede de curtir o real, da forma como se apresenta diante de cada um de nós.
Recentemente, estava eu quase fechando negócio na compra de um imóvel, no bairro que sempre morei, na rua desejada, no andar perfeito, com a vista maravilhosa.
Infelizmente, não deu certo.
Entrei numa pequena depressão, e precisei da ajuda do meu analista para entender que estava vivendo na fantasia.
Era como se a cidade de São Paulo se resumisse somente ao bairro desejado.
Naquele momento, tinha a certeza de que não seria feliz em nenhum outro lugar.
Outros imóveis deixavam de existir, sendo aquele apartamento, sinônimo de felicidade e realização plena.
De repente, tudo que já havia feito, até mesmo a reforma do imóvel (na minha imaginação), havia ido pro buraco.
O sonho havia acabado num simples telefonema.
Trabalhando com meu analista, percebi que aquele bairro, onde por sinal cresci, bem como aquele apartamento, representavam muito mais do que imaginava.
Representavam um sonho.
Aquele sonho de alcançar a situação plena, onde tudo estaria resolvido na minha vida inconsciente.
Um resgate ao meu passado, revivendo minha infância no hoje.
O apartamento, não era só um apartamento. Era o sonho que precisei dar conta no final.
Foi preciso jogá-lo fora, pois na real, ele não traria de volta a sensação da plenitude, buscada na infância, na adolescência, e hoje na fase adulta.
Após viver o luto do sonho jogado fora, o apartamento passou a ser somente um bom apartamento num bairro muito legal. Mas foi preciso um certo trabalho para dar conta disso.
Jogar um sonho fora e viver seu luto é algo doloroso.
Daí, nossas frustrações.
A plenitude não existe!
Muitas vezes quando não realizamos nossos desejos, não obtemos o carro, a casa, o cargo desejado, sentimos um imenso vazio, como se o grande sonho tivesse sido perdido.
Lembrando que este sonho já foi perdido há muito tempo, somente não nos demos conta.
O objeto bom foi perdido. A fantasia foi perdida. Um projeto foi perdido.
Caímos então na depressão.
Muitas vezes, reagimos com agressividade, carinhas feias, etc, dando verdadeiros showzinhos mimados, cada vez que o mundo não corresponde a nossa fantasia.
Falta de tolerância em lidar com frustrações. E na fantasia, é o mundo que está errado.
Melanie Klein denominou o estagio do desenvolvimento do ser, onde aprendemos a lidar com a perda deste “sonho” como posição depressiva. Neste estágio, aprendemos a tolerar as frustrações, a perda, vivenciar o luto, assumir responsabilidades diante da vida, lidar com sentimentos de culpa e desejo de reparação. No entanto, a passagem por esta posição nunca é devidamente concluída por nós.
Assistimos diariamente homens e mulheres serem lançados à depressão por não saberem lidar com suas perdas.
A vida não necessariamente se ajustará aos seus desejos da forma como você fantasiou!
Para encerrar, lembrei-me de uma música linda chamada “Quem saberia perder”, composta e cantada pela dupla Sá e Guarabira, cujo refrão diz: “Diga quem nunca levanta de noite querendo de volta o perdido”.
Quanto ao apartamento (sonho) que perdi, ainda tenho esperanças de que apareça outro (sonho) a venda naquele mesmo prédio, afinal, a esperança é a última que morre. Porém, ela morre um dia.
No entanto, como nossos queridos poetas cantam: Quem saberia perder?

Sergio Rossoni é Psicanalista e colaborador dos sites “nossa dica’ e “apsicanalise”.
Atende em São Paulo (Moema/ Vila Mariana)
Contato: (11) 8339 5683
e-mail: sergio.rossoni@hotmail.com
www.sprossonipsicanalista.com.br
www.apsicanalise.com
www.nossadica.com.br

28/08/2009 - Jornada de Psicologia Escolar/Educacional em Umuarama

sexta-feira, 28 de agosto de 2009


Aconteceu hoje (28/08/2009) a Jornada de Psicologia Escolar/Educacional ministrada pelas palestrantes e psicólogas: Maria Elizabeth Nickel Haro CRP-08/00211; Maria Eliane Lutfi CRP-08/00470; Theresinha Vian Rambo CRP-08/12200 e Sara Waenga CRP-08/12199.

Os temas abordados foram:

- Reflexão sobre o papel da escola na sociedade;
- A psicologia Escolar/Educacional na linha do tempo;
- Leis de inserção do psicólogo;
- Fronteiras entre a Psicologia Escolar x Psicologia Clínica x Psicologia Organizacional na escola;
- A Equipe multidisciplinar, intervenção e prevenção;
- O papel do Psicólogo Educacional;
- O espaço do psicólogo na escola – Qual é e até onde vai?
- O papel do psicólogo na equipe multidisciplinar;
- O trabalho do psicólogo com o professor – instrumentalização e capacitação;
- O trabalho do psicólogo com a família;
- O perfil da “nova escola” Que escola é esta?


Quem pode estar presente neste evento, presenciou a forte troca/compartilhamento de idéias, conhecimentos e experiências de outros profissionais já inseridos no campo da Psicologia Escolar. Foi muito proveitoso! E as palestrantes discorreu o tema de forma objetiva e agradável.